Michael Nicklas (investidor do Startupi) palestrou hoje no Web Expo Fórum, sobre sua visão “de fora” a respeito do mercado brasileiro de web 2.0. Explicando por que um investidor estadunidense está se aventurando no Brasil, a palestra trouxe uma série de análises bem inspiradoras para as startups brasileiras.
Segundo ele, geralmente as startups começam com um tipo de investimento que chama de FFF (friends, family and fools), e ainda enquanto a startup não está lucrando, chegam os anjos para apoiarem o empreendimento enquanto ele não tem ainda tamanho para receber investimento de Venture Capital.
Mas há um paradoxo aqui. Uma empresa de Venture Capital que tem, por exemplo, 20 milhões para investir, não pode investir em 40 empresas que recebem 500 mil, porque seria muito difícil gerenciar tudo isso, então precisam fazer investimentos muito mais vultosos. O outro lado do paradoxo é que é preciso cada vez menos investimento para abrir uma startup de web 2.0, porque há muitas plataformas livres e abertas a partir das quais pode-se começar e serviços muito baratos de hosting e hardware.
É que entram os Angel Investors, para cobrir este buraco entre o investimento próprio (e dos amigos e tolos) de quem teve a ideia e o venture capital.
Além disso, Michael diz que o Brasil não tem uma marca lá fora. Enquanto a Índia é conhecida por ter mão de obra barata e que fala inglês e a China por ser um mercado gigantesco no qual um porcento do mercado é suficiente para fazer uma empresa dar muito lucro e Israel por ser um país com um nível de pesquisa e inovação altíssimo, o Brasil não tem uma narrativa que atraia investidores.
O Fotolog dá uma primeira pista para esta nossa narrativa. A startup foi fundada em New York mas só e deu certo primeiro no Brasil, se espalhando depois para o resto da america latina e então para a espanha, foi vendida para a rede de propaganda francesa Hi Midia por 90 milhões de dólares. [parágrafo atualizado em 20/03 às 18h15]
Além disso, temos muita criatividade, uma boa quantidade de early adopters, somos o país que fica mais tempo na internet do mundo, temos bons e jovens desenvolvedores, e o perfil cultural do nosso povo é muito mais parecido com os dos mercados estadunidense e europeu do que os indianos e chineses.
Segundo Michael, essa é a narrativa que pode fazer investidores de fora pensarem: oh, então talvez seja bom negócio investir no Brasil. Pensando nisso, ele abriu a SocialSmart (empresa da qual eu também sou sócio), que foca seus investimentos em Redes Sociais, OpenSource Software, Mobile, Ecommerce e no chamado Setor 2.5 (algo entre o setor privado e o terceiro setor, que incentive a sustentabilidade e ao mesmo tempo dá lucro).
Segundo o investidor, o Brasil tem todas as peças para ser um mercado de web 2.0 super inovador, dinâmico e lucrativo, mas ainda não temos o “quebra-cabeças” montado.
Somos um dos cinco lugares onde a Google faz desenvolvimento e pesquisa, fomos o primeiro país a desbloquear o iPhone 3G, somos o segundo país do mundo a ter a Campus Party depois de 10 anos na Espanha, somos a segunda maior comunidade de Java do mundo, estamos entre os melhores desenvolvedores de Ruby do mundo, somos os líderes mundiais em extração de petróleo de águas profundas, temos diversos tipos incentivos do governo como Finep e Softex…
Tudo isso nos convence que o Brasil deve competir mundialmente em inovação, não em mão de obra barata. É nas Startups que reside nosso maior tesouro!
Por Gilberto Jr